sábado, 16 de janeiro de 2010

Suma

O plano era postar um desenho hoje...

Ihr Weisen, hoch und tief gelahrt, Die ihr's ersinnt und wi|it, Wie, wo und wann sich Alies paart? Warum sich's liebt und küpt? Ihr hohen Weisen, sagt mir's an! Ergrübelt, was mir da, Ergrübelt mir, wo, wie und wann, Warum mir só geschah?*

Vós, sábios de alta e profunda erudição,/ Que meditais e sabeis,/ Como, onde e quando tudo se une./ Por que os amores e os beijos?/ Vós, supremos sábios, dizei-me!/ Revelai-me o que sinto./ Revelai-me onde, como e quando,/ Por que tudo isso me aconteceu?


Bürger


"O ser-em-si do homem reside mais na espécie do que no indivíduo. Pois o interesse na constituição especial da espécie, que forma a raiz de todo trato amoroso, desde a inclinação mais fugaz até a paixão mais séria, é para todos propriamente a questão suprema, ou seja, aquela cujo sucesso ou insucesso o toca mais sensivelmente; por isso, de preferência, ela é chamada de assunto do coração, também a este interesse, quando ele se pronunciou de maneira forte e decisiva, se subordina e se sacrifica todo outro que concerne apenas à própria pessoa. Com isso, o ser humano atesta que a espécie está mais próxima dele que o indivíduo, e que ele vive mais diretamente naquela do que neste. - Por que, então, o enamorado se entrega com total abandono aos olhos da eleita e está pronto a lhe fazer qualquer sacrifício? - Porque é a sua parte imortal que anseia por ela, provindo tudo o mais da parte mortal. - Esse anseio vivaz, ou ardente, direcionado para uma mulher determinada, é, portanto, uma prova imediata da indestrutibilidade do núcleo de nosso ser e de sua subsistência na espécie. Considerar semelhante subsistência como algo insignificante e insuficiente é um erro que se origina do fato de que sobre a continuação da vida da espécie não se pensa nada além da existência futura de seres semelhantes a nós, mas, em nenhum aspecto, idênticos, e isso porque, partindo do conhecimento direcionado para o exterior, considera-se apenas a figura exterior da espécie, tal como a concebemos intuitivamente, e não a sua essência íntima. Mas esta essência íntima é justamente a que está no fundamento de nossa própria consciência, como seu núcleo, é por isso mais imediata do que a própria consciência, e, como coisa-em-si, livre do principio de individuação, é propriamente a mesma e idêntica em todos os indivíduos, quer eles existam um ao mesmo tempo que o outro ou um após o outro. Essa essência é a Vontade de vida, e portanto justamente aquilo que anseia pela vida e sua continuidade de modo tão premente. É justamente o que é poupado pela morte, ficando incólume. Mas também ela não pode chegar a nenhum estado melhor que o seu estado presente, estando assegurados, junto com a vida, o sofrimento e a morte contínuos dos indivíduos. O livrar-se deles está reservado à negação da Vontade de vida, mediante a qual a vontade individual se separa do tronco da espécie e renuncia a existir nela. Para dizer o que é depois essa Vontade nos faltam conceitos, e mesmo faltam-nos dados para eles. Podemos apenas designá-lo como aquilo que tem a liberdade de ser Vontade de vida, ou não. O budismo designa este último caso com a palavra nirvana. É o ponto que permanece para sempre inacessível a todo conhecimento humano enquanto tal.

Se nós, a partir do ponto de vista desta última consideração, submergimos nosso olhar na agitação da vida, então divisaremos a todos ocupados com a necessidade e o suplício, empregando todas as forças para satisfazerem necessidades infindas e para se defenderem do sofrimento multiforme, sem todavia po-derem esperar algo outro a não ser a conservação, por curto período de tempo, dessa existência individual e atormentada.

Entretanto, no meio do tumulto, vemos os olhares de dois amantes se encontrarem cheios de desejo: - todavia, por que com tanto mistério e temor e às escondidas? - Porque esses amantes são os traidores que secretamente tramam perpetuar toda a miséria e atribulação que, sem eles, logo atingiriam um fim, fim que eles querem obstar, do mesmo modo que seus semelhantes anteriormente obstaram..."

Trecho de: Metafísica do Amor - Arthur Schopenhauer

Chato, né? Eu adoro.

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